Descoberta da USP pode ajudar a entender as causas de alguns transtornos Neurológicos

Neurociência

Imagem: Divulgação

O estudo, realizado pela USP, revelou que crises convulsivas na infância podem causar alterações duradouras no cérebro, mesmo sem a morte de neurônios. Essas alterações são responsáveis por um conjunto de problemas comportamentais e cognitivos que persistem na vida adulta, aumentando o risco de desenvolver transtornos como autismo, TDAH, esquizofrenia e epilepsia.

Principais descobertas: 

  • Neuroinflamação persistente: As crises desencadeiam um processo inflamatório crônico no cérebro, afetando regiões como o hipocampo e o córtex pré-frontal, que são cruciais para a memória, aprendizado e controle de emoções.
  • Alterações na neuroplasticidade: O cérebro se torna excessivamente plástico, formando conexões neurais mais fortes do que o normal. Essa hiperplasticidade, embora possa parecer benéfica, leva a prejuízos cognitivos e aumenta o risco de epilepsia.
  • Semelhança com o sono REM: A atividade cerebral em estado de vigília se assemelha ao sono REM, o que pode explicar alterações sensoriais e perceptuais características da esquizofrenia.
  • Déficits cognitivos: Os indivíduos afetados apresentam dificuldades de atenção, memória e filtragem de informações sensoriais.
  • Alterações comportamentais: Hiperlocomoção, dificuldades de interação social e hipersensibilidade a estímulos são comuns.

Importância do estudo:

  • Entendimento das causas: A pesquisa contribui para desvendar os mecanismos biológicos por trás das comorbidades entre epilepsia e transtornos psiquiátricos.
  • Novas perspectivas para o tratamento: Ao identificar as alterações cerebrais causadas pelas crises, abre-se a possibilidade de desenvolver novas terapias para prevenir ou reverter os danos.
  • Intervenção precoce: A pesquisa enfatiza a importância de intervenções precoces para minimizar os impactos a longo prazo das crises na infância.

Em resumo

As crises convulsivas na infância deixam marcas profundas no cérebro, afetando o desenvolvimento e aumentando o risco de diversos transtornos mentais. A neuroinflamação e as alterações na neuroplasticidade são os principais mecanismos envolvidos nesses processos. A descoberta de que essas alterações são potencialmente reversíveis abre caminho para novas abordagens terapêuticas e para a prevenção de complicações futuras.

Em resumo, este estudo destaca a importância de investigar as consequências a longo prazo das perturbações cerebrais na infância e a necessidade de desenvolver intervenções precoces para promover um desenvolvimento saudável e prevenir o surgimento de transtornos mentais.

Fonte: Jornal da USP e Saúde Today
Editor de Saúde local: Dr. Willen Moura