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O estresse excessivo durante a adolescência pode desencadear mudanças no perfil genético do cérebro, especialmente em genes relacionados às funções bioenergéticas. Essas alterações têm sido associadas a problemas comportamentais e transtornos psiquiátricos na vida adulta, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, cujos resultados foram recentemente publicados na revista Translational Psychiatry.
A adolescência é um período marcado por mudanças significativas no corpo e no comportamento, tanto em humanos quanto em animais, como os ratos, frequentemente utilizados em estudos neurocientíficos. O cérebro durante a adolescência é altamente plástico, o que significa que é sensível a influências ambientais e pode moldar-se em resposta a essas influências.
O córtex pré-frontal, uma região do cérebro importante para o controle emocional e comportamental, é particularmente vulnerável ao estresse durante a adolescência. Em ratos expostos a estresse durante essa fase crítica do desenvolvimento, os pesquisadores observaram níveis reduzidos de expressão de genes relacionados à função mitocondrial, que é essencial para o fornecimento de energia para as células cerebrais.
Além das mudanças genéticas, os ratos estressados durante a adolescência demonstraram prejuízos comportamentais significativos, incluindo ansiedade aumentada, diminuição da sociabilidade e função cognitiva comprometida.
Para entender melhor essas alterações genéticas, amostras de RNA foram analisadas em colaboração com o Laboratório de Genética Comportamental do Brain Mind Institute da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça. A análise revelou que vários dos genes afetados estão associados a vias relacionadas ao estresse oxidativo e à função mitocondrial.
Os resultados deste estudo fornecem novos insights sobre os mecanismos pelos quais o estresse durante a adolescência pode afetar o cérebro e o comportamento na vida adulta. Os pesquisadores agora planejam investigar se essas alterações genéticas podem ser usadas para prever a vulnerabilidade a estressores futuros e o desenvolvimento de doenças psiquiátricas.
O estudo, financiado pela Fapesp, foi publicado na revista Translational Psychiatry. Para mais detalhes, o artigo completo pode ser acessado em: [link](https://www.nature.com/articles/s41398-023-02648-3).
Este texto é uma reprodução do material original publicado pela Agência Fapesp sob a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND.