Na Coreia do Norte, jovens estão sendo condenados por assistirem a séries de TV sul-coreanas, conhecidas como K-dramas, em um ambiente onde o entretenimento da Coreia do Sul é proibido. Imagens obtidas pela BBC Korean revelam adolescentes algemados diante de uma audiência de estudantes, em um pátio ao ar livre, com oficiais fardados repreendendo os jovens por não "refletirem profundamente sobre seus erros".
Tais imagens são raras, uma vez que a Coreia do Norte proíbe a divulgação de qualquer forma de mídia para o exterior. Há especulações de que a gravação tenha sido distribuída localmente para servir como um alerta educacional e ideológico, desencorajando outros cidadãos a assistirem a "vídeos decadentes".
O vídeo inclui um narrador que comunica a propaganda estatal, afirmando que "a cultura do regime de marionetes decadente se espalhou até mesmo para os adolescentes" e lamentando que, apesar de terem apenas 16 anos, os jovens "arruinaram o próprio futuro".
Choi Kyong-hui, CEO da Sand (Instituto de Desenvolvimento Sul e Norte), que enviou o vídeo à BBC, afirma que Pyongyang considera K-dramas e K-pop como uma ameaça, pois a admiração pela sociedade sul-coreana pode minar o sistema norte-coreano, indo contra a ideologia monolítica que reverencia a família Kim.
O contato dos norte-coreanos com o entretenimento sul-coreano teve início nos anos 2000, durante a "política de sol" do Sul, que visava auxiliar o Norte economicamente e humanitariamente. No entanto, essa assistência foi encerrada dez anos depois por Seul, alegando que não atingia os norte-coreanos necessitados e não gerava uma "mudança positiva" no comportamento de Pyongyang.