Imagem: Wikimedia Commons
A atriz Aracy Balabanian faleceu hoje, aos 83 anos, na manhã desta segunda-feira, dia 7. A confirmação do falecimento veio por meio da assistente pessoal da artista.
Ao longo de sua carreira, Balabanian desempenhou papéis memoráveis, tornando-se um dos rostos mais reconhecidos da televisão brasileira. Sua versatilidade a levou do humor irreverente ao drama profundo, ao longo de uma trajetória artística que se estendeu por mais de cinco décadas.
Causa da morte
Segundo informações colhidas pelo Diário Potiguar, ainda a confirmar, não existe uma causa de morte definida, no entanto, ao que parece, igualmente carente de confirmação, Aracy estaria em uma clínica, tratando o câncer de pulmão.
Vida Pessoal e Artística
Nascida em Campo Grande, Aracy tinha raízes armênias. Sua trajetória teve início em 1963, quando ela tinha 23 anos. No entanto, seu interesse pela dramaturgia surgiu ainda mais cedo, aos 15 anos, quando assistiu a uma peça teatral protagonizada por Maria Della Costa (1926-2015), uma atriz renomada.
Essa peça plantou a semente do desejo de se tornar atriz em Aracy. Contudo, ela costumava compartilhar em entrevistas que viveu numa época em que era malvisto que mulheres fizessem teatro. "A sociedade esperava que as mulheres fossem donas de casa e obedecessem aos maridos."
Como aluna exemplar, Aracy frequentou o Colégio Bandeirantes, que lhe deu a base para ingressar na Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, onde estudou Ciências Sociais e simultaneamente na Escola de Arte Dramática (EAD).
Ela abandonou o curso de Ciências Sociais no terceiro ano para se dedicar com êxito à formação em arte dramática, encontrando lá todas as ferramentas necessárias para sua realização. Em sua peça de formatura, ela interpretou "Macbeth", no papel de Lady Macbeth, e recebeu nota máxima.
A peça "Os Ossos do Barão" (1962), escrita por Jorge Andrade (1922-1984), marcou a estreia de Aracy, então com 22 anos, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). A peça foi um sucesso estrondoso, com mais de 500 apresentações, assistidas por mais de 125 mil espectadores, permanecendo em cartaz por quase dois anos.
Apesar de seu sucesso inicial na carreira, Aracy enfrentou resistência de seu pai, que não aceitava a ideia de ter uma filha no mundo artístico. Porém, ela perseverou e estreou na televisão em 1968, numa montagem de "Antígona", de Sófocles, na extinta TV Tupi.
O apoio e a aprovação de seu pai só vieram quando ela participou da novela "Antonio Maria" (1968), protagonizada por Sérgio Cardoso (1925-1972), um ator que seu pai admirava profundamente. Foi assim que seu pai, além de aceitar sua escolha profissional, se tornou seu fã.
Aracy na TV
Na televisão, Aracy viveu uma fase dourada, atuando em novelas consideradas clássicas na teledramaturgia brasileira, como "Nino, o Italianinho" e "A Fábrica", ambas escritas por Geraldo Vietri (1927-1996).
Após o sucesso dessas produções, a atriz foi convidada para co-apresentar o prestigiado programa infantil "Vila Sésamo" (1972) na TV Globo, em parceria com a TV Cultura, durante dois anos.
Ela mencionou com orgulho que fazer parte desse programa foi uma alegria, pois as crianças aprendiam a ler e contar por meio dele. Lamentou apenas que o programa tenha chegado ao fim.
Em 1973, Aracy Balabanian participou de um episódio de "Caso Especial" na Rede Globo, que abordou o tema polêmico do divórcio para a época.
No ano seguinte, ela se firmou definitivamente na emissora, sendo contratada para atuar na novela "Corrida do Ouro" (1974), ao lado de Walmor Chagas (1930-2013). Logo após, interpretou Cristina Lemos, a esposa do maestro Clóvis Di Lorenzo, na novela "Bravo" (1975).
Ela comentou sobre seu trabalho para incorporar a personagem, mencionando que a novela contava com a música do maestro Júlio Medaglia e que frequentou vários concertos durante a preparação.
Rainha da Sucata
O reconhecimento em novelas chegou em 1990, com a personagem dona Armênia na novela "Rainha da Sucata". Nesse enredo, ela deu vida a uma mãe superprotetora de "seus filhinhas", interpretados pelos atores Marcello Novaes, Gerson Brener e Jandir Ferrari.
E aquele sotaque estrangeiro da novela que ela falava de "prédio na xon" foi uma invenção dela. Surpreendente, inspiradora, a atriz deixa o país de luto
Sai de Baixo
Quem não lembra dela? Contracenando com Miguel Falabella sempre davam um show de interpretação e de humor quando não conseguiam conter os risos ao vivo. Foi um dos seriados mais empolgantes que dava aos domingos aquele sabor de "tem mais" depois dos programas de Silvio Santos e Fantástico que, ao encerrarem, dava uma tristeza pois se sabia que iria iniciar a segunda-feira.
Homenagem de Miguel Falabella
Imagem: Reprodução Instagram (Miguel Falabella)
E essa amizade entre Aracy e Miguel Falabella durou até o último dia de Aracy e onde o ator deixa uma homenagem emocionante no seu perfil do instagram finalizando com: "Consola-me saber que estaremos para sempre juntos em alguma reprise de uma futura sessão nostálgica. Te amo para sempre. Até um dia!"
Tópicos da Carreira
- Aracy Balabanian estreou na televisão na peça "Antígona", de Sófocles, encenada pela TV Tupi.
- Seu pai inicialmente não aprovava sua carreira, mas em 1968 ele aceitou quando ela atuou com Sérgio Cardoso na novela "Antônio Maria".
- Ela se tornou uma das maiores intérpretes da televisão, criando personagens icônicas como Violeta em "O Casarão" (1976), Maria Faz-Favor em "Coração Alado" (1980/81), Marta em "Ti Ti Ti" (1985/86), Maria Fromet em "Que Rei Sou Eu?" (1989), Dona Armênia em "Rainha da Sucata" (1990) e "Deus nos Acuda" (1992/93), e Filomena Ferreto em "A Próxima Vítima" (1995).
- Em "Da Cor do Pecado" (2004), interpretou Germana, personagem central.
- Em "Passione" (2010/11), foi Gemma Matoli, irmã do protagonista.
- Em "Saramandaia" (2013), interpretou Dona Pupu, mãe de um lobisomem.
- Ela atuou pouco no cinema e no teatro, com destaque para peças dirigidas por Ademar Guerra, como "Hair" e "Clarice Coração Selvagem".
- Ficou conhecida pelo grande público no teatro como Cassandra, a socialite decadente em "Sai de Baixo", sendo marcante o riso espontâneo dela em cena.
- Aracy Balabanian foi elogiada por sua habilidade tanto em papéis dramáticos quanto cômicos na televisão, deixando um legado notável na dramaturgia brasileira.