São Paulo sai na frente e prepara plano de retomada do turismo

Com evolução do Room Office, São Paulo se prepara para novo perfil de visitante Profissionais que viajam sozinhos, acompanhados ou em família fora do período de férias são tendência no setor 


Imagem: Pixabay

A cidade de São Paulo (SP) é conhecida pela infitidade de possibilidades em relação ao comércio, negócios em geral e turismo. A palavra Business é um forte naquela que é conhecida como a "Nova York do Brasil". Embora alguns façam essa classificação podemos arriscar dizer o contrário: Nova York é a "São Paulo" dos EUA, afinal, são mais de 12 milhões de habitantes da cidade que é capital do estado de São Paulo, contra pouco mais de 8 milhões da americana. 

Sem comparações

Saindo um pouco do senso comum e para evitarmos comparações o que podemos afirmar é que o potencial econômico da cidade, evidente nas grandes construções e empreendimentos, traz consigo uma plularidade de negócios que tem suas próprias características. 

Um novo normal 

Desde que foi iniciada a pandemia a cidade vem enfrentando muitas mudanças. A city que não pode parar, por vezes teve que se reinventar e se adaptar à nova realidade. A vantagem é que São Paulo, por ter um perfil eclético e mutável de business se reinventa todos os dias e redescobre seu potencial. Muitas empresas tiveram que restabelecer metas e com criatividade se destacar no mercado.

Com pandemia da COVID-19, 46% das empresas nacionais adotaram o modelo de trabalho à distância, de acordo com a FIA, Fundação Instituto de Administração, resultando, conforme aponta o IBGE, em cerca de 9 milhões de brasileiros que executaram suas tarefas profissionais em casa durante o ano de 2020. O salto tecnológico para reuniões virtuais, a partir de plataformas como o Zoom, Google Meets e Microsoft Teams, uso de ferramentas digitais de gestão de equipe e utilização de armazenamento de arquivos em nuvem, permitiu que as empresas, mesmo com o fim da pandemia, mantivessem o trabalho remoto com seus times, uma vez que se registra economia em custos de escritório sem impacto direto nas entregas. 

A crise impactou todos os setores de economia - e com o turismo não foi diferente. Em São Paulo, os hotéis, desde o início, foram considerados como serviço essencial, possibilitando a manutenção da operação. Mas, com os demais estabelecimentos fechados e pessoas isoladas em suas casas, como obter uma taxa de ocupação que justificasse a abertura? 

Entre as diversas ações propostas que gerassem uma nova fonte de recurso, surgiu o Room Office, no qual quartos de hotéis passaram a ter a configuração de escritórios, com mesa, telefone e internet de maior qualidade, além de contar com toda a estrutura e serviços reconhecidos da hotelaria. Entretanto, durante o período mais rigoroso da flexibilização em São Paulo, os meios de hospedagem da capital registraram baixos níveis de ocupação, uma vez que o destino tem, por vocação, o turismo de negócios e eventos, esses, em sua grande maioria, suspensos. 

Entretanto, com o avanço da vacinação, aprimoramento dos protocolos de saúde, higiene e bem estar, queda no número de casos, internações e óbitos, e abertura gradativa da economia, já se percebe a evolução do Room Office, se unindo a outras tendências, como o Anywhere Office e o Resort Office, dando luz a um novo perfil de viajante: profissionais que se estabeleceram bem no trabalho remoto e que não necessariamente precisam executar suas tarefas de casa. Ou seja, um viajante que busca um hotel para mudança de ambiente do dia a dia, podendo, em suas horas livres, aproveitar sua estadia, piscina, spa, academia e mais, além da gastronomia, agenda cultural, compras e passeios nos arredores. 

Esse viajante pode explorar sua experiência sozinho, acompanhado ou em família. 

“Este novo turismo de negócios, pago pela pessoa física que busca um ambiente diferenciado para o trabalho, impacta em como estudávamos o setor, pois suas viagens não são necessariamente de temporada, podendo pulverizá-las por todo ano e durante dias úteis, tendo, assim, um valor diferenciado para as diárias; extensão da estadia por um maior período, incrementando a economia do destino; e aproveitando todas as adaptações que os hotéis executaram no último ano. Este movimento se torna ainda mais relevante frente a um momento em que as reuniões presenciais de negócios e eventos como feiras e congressos ainda não retornaram de forma consistente”, explica Toni Sando, Presidente Executivo do São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), entidade privada, sem fins lucrativos, que atua na captação e apoio a eventos para São Paulo.

Fernando Guinato, Gerente Geral do Sheraton SP WTC, detalha que a hotelaria realizou adaptações que tanto atuam com um novo público de lazer, inédito para São Paulo, quanto para o laboral. “São Paulo é um destino de entretenimento e cultura enorme, mas que acabava se tornando mais conhecido pelos negócios e eventos. Entretanto, essa ‘descoberta’ do turismo de lazer na capital já vinha se desenvolvendo antes da pandemia, mas que foi revelada com mais intensidade com o crescimento das viagens de curta distância ou a necessidade de aproveitar o próprio destino em que reside aos finais de semana. Por outro lado, houve também uma transformação nos serviços oferecidos ao hóspede que precisa cumprir com suas obrigações, entregas e reuniões virtuais durante sua estadia”, conta. 

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), Eduardo Sanovicz, destaca que a aviação está preparada para atender os viajantes de negócios que desejam explorar o potencial e a infraestrutura de São Paulo para reunir trabalho a distância e lazer. “A pandemia aprimorou uma vocação natural das companhias aéreas, a de intensificar a segurança sanitária a bordo dos aviões para que a viagem se torne a melhor experiência possível. Assim, os turistas de negócios e seus familiares ou amigos podem aproveitar o que há de melhor na oferta cultural, gastronômica e de entretenimento em São Paulo”, disse Sanovicz. 

De acordo com o Barômetro Visite São Paulo de julho, pesquisa mensal do SPCVB realizada com os membros dos Conselhos de Administração, Consultivo e Curador, mais de 80% dos empresários e líderes do setor apontam que irão manter o sistema de trabalho home office, ainda que parcial e com encontros presenciais estratégicos, mesmo superada a crise. 

“São Paulo é um destino único. Tanto os moradores quanto viajantes de todo o País que vierem para a capital paulista para trabalhar de forma remota, poderão aproveitar os atrativos e atrações que apenas uma metrópole pode oferecer, com restaurantes renomados com culinário do Brasil e do mundo, retorno dos espetáculos e shows ao vivo, museus, compras em ruas especializadas e shopping center e muito mais”, finaliza Toni Sando.