Imagem: Sethas/RN
O capim-navalha, pelas mãos engenhosas da Mestra Artesã Maria do Carmo Porfírio Costa, 66, saiu dos tabuleiros das áreas descampadas de São José de Mipibu no RN e vai para as vitrines da rede de lojas Tok&Stok, de móveis e acessórios.
Maria do Carmo está no 14º Salão do Artesanato Raízes Brasileiras, de 27 a 31 de outubro, em Brasília, onde a rede de lojas a encontrou. É uma das artesãs que tem apoio da Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (SETHAS) por meio do Programa Estadual do Artesanato do RN (Proarte). O Programa seleciona artesãos de todo o Estado para participação em feiras no Rio Grande do Norte e no Brasil.
A Tok&Sotk encomendou 600 lírios de capim-navalha feitos pela Mestra do Barro e que estão expostos para venda no 14º Salão do Artesanto e essa descoberta aconteceu graças à política do Governo do Estado de incentivar o artesanato potiguar, e um dos meios para isso, é levar artesãos para esses eventos que funcionam também como vitrine para seus produtos.
Maria do Carmo é convidada no evento pelo Salão dos Mestres e a filha dela, Cláudia Patrícia Porfírio da Costa, foi uma das oito artesãs(os) selecionadas(os) para o 14º Salão do Artesanato que contou ainda com duas entidades do segmento no RN.
As tulipas de capim-navalha são o produto final de um processo autossustentável que vem de uma raiz familiar. A ideia foi semeada e germinada dentro daquela velha história de aprendizado e ensinamento de mãe para filha. Foi assim que Maria do Carmo aprendeu o ofício do artesanato, aos 20 anos de idade, amassando o barro que, esculpido para ganhar formas e depois queimado, vira panela e outros utensílios utilitários para a cozinha e o lar.
Dona Maria Porfírio, mãe de Maria do Carmo, levava a filha em caminhadas de casa até o barreiro de onde extraíam o barro para as panelas e outros materiais como a confecção de flores. A matéria-prima nas mãos da Mestra toma formas até onde a criatividade vai desde então.
A mãe ensinou Maria do Carmo a trabalhar com barro e com as fibras vegetais para fazer flores. E foi nas horas de descanso, no remanso da árdua atividade de extração do barro, que ela encontrou nos charcos (área alagadiças) da região o capim-navalha.
A Mestra explica que o capim-navalha é resistente. Depois de extraído do charco, é estendido ao sol por um dia e meio, e deixado tomando sereno por noites para amaciar. É esse processo que prepara o capim para a manipulação.
FORTALECIMENTO
Dentre as estratégias da SETHAS/Proarte para o fortalecimento do artesanato no Rio Grande do Norte está o incentivo de artesãos e artesãs para que participem em eventos do segmento. Este ano, o Proarte já abriu editais para a Multifeira Brasil Mostra Brasil, em novembro; a Feira Nacional do Artesanato em Olinda, Pernambuco; o 14º Salão do Artesanato Raízes Brasileira, em Brasília; a Fiart; a Feira Nacional do Artesanato em Belo Horizonte; a Feira Internacional do Artesanato.
A subcoordenadora do Proarte, Graça Leal, resume que a gestão do Programa no Governo Fátima Bezerra está mergulhando no “RN Profundo”. Essa imersão no Rio Grande do Norte arcaico que ela e sua equipe fazem pelo interior tem uma intenção primordial: descobrir os artesãos e as artesãs que estão embrenhados nos recônditos onde brotam matérias-primas como o barro, as fibras, os tecidos, os fios, os bordados que manipulados por mãos habilidosas, viram artesanato da melhor qualidade.
Graça Leal também está redescobrindo os ateliês onde os mestres, a mestras do artesanato, da culinária estão. Muitas vezes, precisando que o Proarte lhes escute e replique para o mundo o que sai de seus corações, de suas mãos, enfim, de sua criatividade.
Nas visitas técnicas, a subcoordenadora do Proarte faz o que todo bom psicanalista deve fazer: escuta. É através da fala do outro, da outra, dos saberes locais que a equipe do Programa do Artesanato mostra que antes de tudo, artesãs e artesãos têm que ser valorizados para que sua produção seja também valorizada.
Depois da escuta, o Proarte convida-os(as) a assistirem uma palestra sobre a Base Conceitual do Artesanato Brasileiro e Economia Criativa. O Proarte é responsável no Estado pela emissão da Carteira Nacional do Artesão depois que estes se inscrevem no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB).