Imagem: Divulgação (Corpo de Bombeiros DF) |
Morreu hoje (9) em Brasília mais uma vítima de feminicídio. Cácia Regina Pereira da Silva, 47, estava internada no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) desde o dia 25 do mês passado, depois de o ex-marido ter jogado ácido em seu corpo.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a mulher teve 45% do corpo queimado e recebeu implante de pele na última sexta-feira (3). Porém, desenvolveu um quadro de infecção e não resistiu aos ferimentos, decorrentes das queimaduras de terceiro grau que atingiram face, colo, tórax e membros superiores. O óbito foi registrado pela equipe hospitalar às 7h35 desta quinta-feira.
O crime ocorreu na residência da vítima, no bairro Nova Colina, em Sobradinho (DF). De acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal, o ex-marido dela, Júlio César Villa Nova, 55, depois de ter jogado a substância corrosiva, ainda tentou atirar na vítima, e não conseguiu. Em seguida, mirou a arma contra a própria cabeça e cometeu suicídio.
No final do mês passado, a Agência Brasil repercutiu estudo elaborado pela Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios e Feminicídios (CTMHF), órgão vinculado à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que mostrou o perfil de vítimas e autores de feminicídios perpetrados na capital federal. Entre março de 2015 e março deste ano, 11 dos 68 autores desse tipo de crime se mataram após cometê-lo.
A pesquisa revelou ainda que um quinto dos autores (20,6%) mataram as muulheres por não se conformar com o fim do relacionamento. A maioria (63,3%) dos feminicídios reportados no período analisado pela CTMHF ocorreu durante a noite ou a madrugada, na faixa horária compreendida entre 18h e 5h59, como foi o caso de Cácia.
Segundo cálculos da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), a cada dez feminicídios cometidos em 23 países da América Latina e Caribe em 2017, quatro ocorreram no Brasil. Naquele ano, ao menos 2.795 mulheres foram assassinadas na região, em razão de sua identidade de gênero, ou seja, simplesmente por serem mulheres. Desse total de mortes, 1.133 foram registradas no Brasil.
Por Letycia Bond – Agência Brasil | Edição: Maria Claudia