Dono de empresa diz ter repassado valor à empresa do ex-assessor do presidente, em contrato para Aeroporto de Brasília, em 2014; nova testemunha foi ouvida pela Polícia Federal em julho em inquérito dos Portos.
Marcelo Camargo/ABr
A PF colheu depoimento de mais uma testemunha do "decreto dos portos", que teria dado propina a amigo de Temer
A Polícia Federal (PF) colheu depoimento de mais uma testemunha no inquérito que apura o decreto dos portos – que investiga o possível repasse de propinas de empresas do setor em troca de benefícios. Segundo o empresário Marcelo Castanho, que foi ouvido no dia 13 de julho, o amigo e ex-assessor de Michel Temer, Coronel Lima, recebeu repasse ilícito para o contrato no Aeroporto de Brasília. As informações são da TV Globo.
O dono da companhia de publicidade “Alumi” afirmou à PF que pagou R$ 1 milhão ao coronel João Batista Lima Filho, em 2014, para que pudesse explorar a área aeroporto. Agora, a PF investiga se esse dinheiro pago à empresa do amigo e ex-assessor de Temer, um dos investigados no decreto dos Portos , teria chegado ao presidente.
A testemunha contou que, na época, quando o valor estava já acertado, o executivo Rodrigo Castro Neves – que era próximo ao então presidente da Inframerica, responsável pelo aeroporto – disse que “haveria mudança no pagamento” e o dinheiro teria de ser enviado à empresa Argeplan, da qual coronel Lima é um dos sócios.
Então, Castanho teria afirmando que “não faria pagamento sem nota fiscal ou contrato”, ao que foi respondido via e-mail para que “resolvesse o problema com o Doutor Lima”. Depois disso, ele afirma ter recebido contrato, mas em nome de outra empresa do coronel, a PDA – Projeto e Direção Arquitetônica – e não na de Argeplan.
Coronel Lima é um dos investigados nesse inquérito, e chegou a ser preso em março deste ano – assim como o advogado e também amigo do presidente, José Yunes. Há suspeitas de que o coronel seja um operador das propinas de Michel Temer.
Tanto a defesa de Temer quanto do coronel nega qualquer participação da celebração de atos ilícitos.
Investigação do decreto dos Portos
Divulgação/Grupo Libra
Grupo Libra opera no Porto de Santos e é suspeito de ter participado de esquema no chamado decreto dos Portos
Temer é investigado nesse inquérito por supostamente ter recebido propinas em troca de favorecimentos a empresas do setor portuário por meio do decreto assinado em maio de 2017, o qual regulamenta contratos de concessão e arrendamento do ramo.
Além do decreto dos portos , o presidente também é alvo de outro processo que apura suposta corrupção da Odebrecht a campanhas do MDB por meio de doações eleitorais via caixa dois. Nesse processo, também são investigados, a pedido da PGR, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).
IG