Brasil e Vietnã assinam acordos em aviação e agricultura

Após encontro com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto, o vice-primeiro-ministro do Vietnã, Vuong Dinh Hue, assinou ontem (2), no Itamaraty, três acordos internacionais com o governo brasileiro, em cerimônia comandada pelo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. A comitiva vietnamita era formada por ministros e empresários.

O vice-primeiro-ministro do Vietnã, Vuong Dinh Hue, e o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes assinam acordos (Valter Campanato/Agência Brasil)

Entre as medidas bilaterais acordadas, está um entendimento no setor de aviação civil, que, segundo o Itamaraty, facilitará a conexão aérea entre os dois países, "com impactos positivos sobre o turismo e as visitas de negócios". O acordo permite, por exemplo, que empresas aéreas dos dois países sobrevoem ambos os territórios sem pousar, além de fazer escalas para embarque e desembargue de passageiros e mercadorias.

Na área do agronegócio, foi assinado memorando que prevê intercâmbio de sementes e raças animais, informações técnicas e documentos entre os países, bem como organização conjunta de seminários técnicos, workshops, conferências e exposições setoriais, envolvendo especialistas e cientistas das duas partes, que poderão formular e implementar projetos de pesquisa na área agrícola.

“O comércio tem que ser ampliado entre as partes e anda quando a parte política decide que deve andar. Daqui para a frente os técnicos do Ministério da Agricultura, juntamente com os técnicos deles [vietnamitas] buscarão harmonizar mais a legislação dos nossos certificados fitossanitários e fazer com os negócios aconteçam pelas mãos dos empresários, como deve ser feito”, disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, após encontro privado com ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural do Vietnã, Ha Kong Tuan.

Segundo o governo brasileiro, um dos interesses do Vietnã é estabelecer uma cooperação com o Brasil na área de produção e comercialização de etanol. 

Relação bilateral 

Nos últimos 16 anos, o volume de trocas econômicas entre os dois países deu um salto expressivo, saindo de uma balança comercial de US$ 29 milhões em 2001, para US$ 3,9 bilhões em 2017. Esse resultado coloca o Vietnã à frente de parceiros tradicionais do Brasil na América do Sul, em termos de volume de comércio, como Peru (corrente de comércio de US$ 3,8 bilhões), Paraguai (US$ 3,7 bilhões) e Uruguai (US$ 3,6 bilhões).

De acordo com o vice-primeiro-ministro Voung Dinh Hue, somente entre 2016 e 2017, o comércio bilateral cresceu mais de 20%, com potencial de expansão. "O Brasil vai dar abertura a mais produtos do Vietnã, e o Vietnã ficará ainda mais aberto para importar produtos do Brasil", destacou, em discurso no Itamaraty.

Com mais de 90 milhões de habitantes, o Vietnã tem crescido a uma média anual próxima de 7% desde 1990 e se consolidou com um dos mercados consumidores mais expressivos do Sudeste Asiático. O ministro Aloysio Nunes lembrou ainda que o país é um dos integrantes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), na qual a soma das riquezas dos seus países-membros é equivalente à da quinta maior economia do planeta. 

"Tivemos nesse encontro a oportunidade de celebrar uma relação cada vez mais densa, mais abrangente de cooperação, de amizade, e de muito entendimento no plano político, uma vez que Vietnã e Brasil compartilham de uma visão comum sobre os principais temas da agenda global", destacou o chanceler brasileiro durante declaração à imprensa ao lado do vice-primeiro-ministro vietnamita. 

Além dos acordos na área de aviação e agricultura, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) firmou um entendimento com a Câmara de Comércio Exterior do Vietnã, com o objetivo de ampliar negócios entre os dois países. 

Agenda

Nesta terça-feira (3), Vuong Dinh Hue estará em São Paulo, para participar do Fórum de Comércio e Investimentos Brasil-Vietnã e de reunião com representantes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), empresários brasileiros e representantes de entidades do setor privado nacional.

No ano que vem, os dois países comemorarão 30 anos do estabelecimento de relações diplomáticas.

Por Pedro Rafael Vilela
Edição: Nádia Franco