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A legalização do aborto até a 12ª semana de gestação foi defendida, nesta sexta-feira (22), em uma passeata pelas ruas centrais do Rio. Centenas de pessoas, a grande maioria mulheres, se concentraram em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) com faixas e cartazes pedindo que a interrupção da gravidez seja considerada legal neste período, para garantir procedimentos cirúrgicos públicos e saudáveis.
“Queremos garantir o aborto gratuito e seguro no Brasil, mas só até a 12ª semana [de gestação], pois neste período o feto não tem sistema neural, nervoso, nem coração. Ninguém faz aborto porque quer. É um ato de desespero. Pedimos políticas públicas e atendimento médico em postos de saúde”, disse Alessandra Primo de Moraes, do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense (Sintuff).
A recente aprovação do aborto pela Câmara dos Deputados da Argentina fortaleceu os defensores da medida. A psicóloga Ivana Fortunato, também presente ao ato, disse que o debate em torno do assunto é urgente, pois muitas mulheres, a maioria negras e pobres, morrem todos os anos por causa de abortos mal feitos.
“A questão do aborto ser criminalizado não impede que aconteçam várias complicações decorrentes de cirurgias inseguras, pois as mulheres pobres não têm dinheiro para pagar uma clínica melhor. Um feto até 12 semanas não é uma vida. Não é alguém que sente, que pensa. Ainda é um conjunto de células. Não defendemos matar crianças, mas interromper a gestação em períodos iniciais”, disse Ivana.
Mulheres fazem marcha pela legalização do aborto, com lenços verdes em referência à campanha que derrubou a criminalização na Argentina - Fernando Frazão/Agência Brasil
Apesar da quase totalidade do público na manifestação ser de mulheres, alguns homens também estiveram presentes para defender a legalização do aborto. “Esta é uma pauta histórica das mulheres. A proibição do aborto leva a riscos. Os argumentos contra, geralmente não são científicos, mas morais e religiosos. Não é bloqueando o debate que se avança”, disse o professor de história Ivan Dias Martins.
Da Alerj, o grupo seguiu pela Avenida Rio Branco até as escadarias da Câmara Municipal, na Cinelândia. Durante todo o percurso, não houve atos de violência nem de depredação. Um policial militar repreendeu algumas manifestantes quando elas picharam um cartaz, colado na Câmara, criticando os defensores do aborto, mas a situação foi logo superada.
As igrejas cristãs, incluindo a católica e a evangélica, são contra o aborto. Os católicos, por exemplo, consideram que a vida deve ser respeitada e protegida desde o momento da concepção, quando o espermatozoide fecunda o óvulo.
Por Vladimir Platonow - Agência Brasil | Edição: Fábio Massalli