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O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse na última sexta-feira (17) em Washington que a proposta brasileira de criar uma Iniciativa Sul-Americana de Segurança foi bem aceita por vizinhos do país, como Argentina, Colômbia e Uruguai. Segundo ele, a primeira reunião do grupo deve ocorrer no início do ano que vem, na Argentina. A decisão veio depois de uma reunião em Vancouver, no Canadá, com o ministro da Defesa do país, Oscar Raúl Aguad, na quarta-feira (15).
A Iniciativa poderia evoluir, segundo o ministro, para uma Autoridade Sul-Americana de Segurança, porém isso ocorreria posteriormente. “A velocidade com que ela vai acontecer vai depender da reunião, da disposição e da boa vontade. Por nós, poderíamos caminhar rapidamente, porque a necessidade é grande e é urgente”, disse Jungmann.
Na União de Nações Sul-Americanas (Unasul), há um Conselho de Defesa Sul-Americano, porém, segundo o ministro, as atribuições dos dois órgãos não coincidem, já que o conselho é voltado para questões de defesa, enquanto a iniciativa, tratará de temas de segurança nas fronteiras e crime transacional. “O CDS, que é o Conselho de Defesa Sul-Americana, cuida de aspectos de integração das Forças Armadas, de base industrial de defesa e também de uma identidade sul-americana em termos de defesa. A iniciativa, que, por enquanto, é uma ideia a ser desenvolvida, está mais voltada ao combate ao crime transacional, ou seja, às drogas, à questão do contrabando de armas, à questão do descaminho”, afirmou.
Minusca
Após participar de uma palestra sobre estratégia de defesa do Brasil no Centro para Estudos Internacionais e Estratégicos (CSIS) em Washington nesta sexta-feira, o ministro também falou sobre a possível participação do Brasil na Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca). Segundo ele, ainda não há previsão de quanto a missão deve custar e do tempo de duração, já que antes é necessário que a proposta seja enviada e aprovada pelo Congresso.
A expectativa, segundo ele, é que sejam enviados mil soldados entre homens e mulheres e que o Congresso aprove a participação do Brasil na missão. “Eu não consigo ver que não haja uma sensibilidade do Congresso para entender a importância para o Brasil e para os nossos compromissos com a estabilidade e a paz no mundo”, disse Jungmann. Antes de a proposta ser enviada ao Legislativo, a Organização das Nações Unidas (ONU) ainda deve fazer um convite formal ao Brasil.
Quanto à possibilidade de o país deter o comando da missão, o ministro disse que a decisão depende do Departamento de Operações de Paz das Nações Unidas, mas afirmou que comandar é do interesse do Brasil. “Temos experiência já demonstrada no terreno e reconhecida mundialmente em liderar operações de paz.”
Segundo o ministro, entre as vantagens de enviar tropas está a capacitação das Forças Armadas brasileiras. “É decisivo, porque é uma experiência no terreno, em situação real, que qualquer Força Armada precisa ter constantemente”, afirmou. Jungmann acrescentou que os militares do país estão capacitados para “lidar com situações críticas e de grande instabilidade”.
Paola De Orte - Agência Brasil
Edição: Juliana Andrade