Os servidores de Brasília que trabalham na retomada do presídio de Alcaçuz, em Natal (RN), passam por uma verdadeira maratona física e psicológica. Além da tensão natural da penitenciária, os integrantes da Força Tarefa de Intervenção Prisional (FTIP) têm cumprido jornadas de trabalho muito mais pesadas do que o normal e atuado até sob ameaças de morte. Entre eles, estão 15 representantes do Distrito Federal — 10 agentes de atividades penitenciárias e cinco agentes de custódia da Polícia Civil.
Ao Metrópoles, um membro da força-tarefa que atua em Alcaçuz contou que a equipe é forjada para aguentar os cenários mais tensos. “Estamos preparados porque o nosso treinamento é muito intenso. Somos instruídos em um modelo de internato, passando por estresse físico e psicológico e por privações de fome e sono. Saímos prontos para enfrentar situações como essas”, explicou um agente, que pediu para não ter o nome revelado.
Desde que chegaram ao local, os integrantes do grupo têm uma rotina pesada. A cada 24 horas trabalhadas, eles ganham o mesmo período de folga. A título de comparação, em situações normais, são 72 horas de descanso após um dia inteiro de jornada. Além disso, quando há operação na cadeia, até os agentes de folga são convocados ao dever.
Nos primeiros três dias que passaram na prisão, os agentes tiveram que dormir a céu aberto. Como os detentos haviam destruído diversas estruturas dentro do presídio, inclusive os alojamentos, os membros da força-tarefa não tiveram escolha, a não ser dormir expostos. “Depois que entramos, não podíamos mais recuar. Precisávamos garantir que os presos não tomassem o controle novamente. Por isso, tivemos que ficar no presídio, mesmo sem as melhores condições”, explica.
O resultado do trabalho tem sido evidente. A força-tarefa já conseguiu retomar o controle dos blocos 4 e 5 de Alcaçuz, que eram ocupados por integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme divulgado pelo Metrópoles em primeira mão em 30 de janeiro. Durante as operações, foram apreendidas cerca de 700 facas e cem aparelhos celulares, além de 15 armas de fogo como revólveres calibres .32 e 38 e espingardas de fabricação caseira.
Permanecem tomados pelos detentos os blocos 1, 2 e 3, ocupados por membros da facção Sindicato do Crime. Hoje, o presídio é dividido por contêineres para manter os grupos rivais separados. Na parte já retomada, detentos trabalham na reforma da penitenciária, sob os olhares atentos dos agentes. Os responsáveis pela chacina que deixou 26 presos mortos também já foram identificados por meio de imagens e transferidos da unidade prisional.
Toda a rotina atual da cadeia é feita pelos membros da força-tarefa. Apesar do clima tenso e até de ameaças proferidas contra os integrantes do grupo, o agente entrevistado pelo Metrópoles não aparenta receio. “Fomos informados de que membros do PCC pensavam em fazer um atentado contra alguém do grupo após a nossa ação. Mas isso não muda a nossa motivação”, afirma.
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