13.11.2016
Conversamos essa semana com o Lucas Venuto, brasileiro de Governador Valadares, com 21 anos que é meio campo de um dos principais times de futebol Austríaco: FK Austria Wien.
Conversamos essa semana com o Lucas Venuto, brasileiro de Governador Valadares, com 21 anos que é meio campo de um dos principais times de futebol Austríaco: FK Austria Wien.
Fizemos a entrevista
em um restaurante próximo da Ópera de Viena, o Lucas chegou acompanhado da
esposa (ambos muito simpáticos) e conversamos sobre a sua carreira, vida
pessoal, saudade da família, etc. Confira abaixo mais detalhes da entrevista
que aconteceu esta semana em Viena/Austria:
Início
da carreira
Como você aprendeu a
jogar futebol?
Na rua com meus
amigos. Desde pequeno minha brincadeiras prediletas eram sempre relacionadas
com futebol.
Como você começou sua
carreira aqui na Europa?
Eu vim algumas vezes
fazer intercambio através do time do Red Bull Brasil, e depois surgiu a
oportunidade de ter um contrato com o time do Leipzig, na Alemanha. No início
foi um pouco difícil, estava sozinho, tinha apenas 18 anos e não conhecia
muitas pessoas, mas com o passar do tempo fui ficando mais adaptado.
Sempre
foi seu sonho jogar em um time europeu?
Na
verdade não era minha idéia vir para Europa agora tão cedo. Acabou sendo uma
chance que apareceu e eu agarrei. Eu pensava em tentar vir
para europa mais tarde mas acabou surgindo a oportunidade e eu aceitei. Eu
estava no time do Red Bull Brasil e ja tinha jogado alguns campeonatos
importantes la no Brasil (categoria de base) e achei que podería então ser um
bom momento para vir.
Depois do time
Leipzig como foi sua trajetória para o time do SV Grödig?
No time do SV Grödig
eu joguei no início emprestado, foi quando comecei a jogar na primeira divisão
da Austria. Depois de 6 meses o SV Grödig me comprou. O clube sempre me acolheu
muito bem. O técnico confiava no meu trabalho e meus companheiros de equipe
sempre me trataram muito bem.
E a mudança para o time da capital austríaca, o
Austria Wien (time atual), como aconteceu?
Acabei fazendo uma
boa temporada junto ao Grödig. Marquei 7 gols e isso dispertou o interesse do
Austria Wien em mim. Eles acabaram fazendo uma oferta e estou aqui no time do
Austria Wien desde Janeiro/2016.
O
time na Austria
Como
é o dia a dia de um jogador?
Nós treinamos todo dia de
manhã. Acordo
às 8hs e preciso estar lá às 9hs.
Entre às 9hs e às 10hs é um
horário que você pode escolher o que quer fazer (por exemplo massagem para
recuperar o corpo - nosso time tem 3 massagistas). O treino mesmo começa às
10hs.
Quando estamos no meio de
Campeonato o treino é apenas uma vez por dia e dura 2 horas geralmente.
E
quando esta frio?
Independente do tempo, pode
chover ou nevar estamos lá no campo treinando.
Como é a organização
de viagens quando vocês tem jogo no interior?
Nós vamos sempre um
dia antes e voltamos direto depois do jogo para Viena. O jantar já é
encomendado e comemos no ônibus durante a viagem de volta.
Na Austria muitas
vezes as viagens são de ônibus porque os lugares são perto. De avião só quando
for um destino mais longe.
Vocês treinam em dia
do jogo?
Geralmente
treinamos sim, mas é um treino mais leve. Eles dizem que é um treino para
aliviar um pouco do stress.
De
um modo geral o grupo se da bem?
No Austria Wien é um
ambiente muito tranquilo sim. Claro que tem alguns atritos
mas o grupo é profissional e de um modo geral o ambiente é amigável. Procuramos deixar no
campo o que acontece lá e depois que termina o jogo somos todos amigos. As
vezes quando temos tempo livre saímos juntos. Tem até uma caixinha que o
pessoal vai colocando dinheiro para usar nas festas… (risos)
Quando um time esta
perdendo, o que precisa ser feito para tentar reverter essa situação dentro de
campo?
O lado pisicológico é
o mais difícil para trabalhar nessas horas porque todo mundo começa a ficar
abalado. Você tem que se concentrar no momento de dificuldade e ajudar o time.
Vocês conseguem
superar uma derrota com facilidade?
Eu
não. Eu fico com raiva e triste quando perdemos. Entretanto ja percebi que
jogadores de outras nacionalidades aceitam a derrota com um pouco mais de
facilidade, mas nós brasileiros, acabamos sempre nos cobrando mais.
Descreve
para a gente a sensação de fazer um gol?
É muita emoção! É uma
adrenalina muito alta não consigo nem ver quem esta na minha frente, fico completamente
cego. A gente vai em direção a torcida mas o subconsciente esta longe. Se o
estádio estiver lotado então é mais adrenalina ainda.
Suas
características
De todas as suas
qualidades, o que você considera mais importante? Quais são as suas
características mais fortes para ajudar o time em campo?
Eu sou um jogador que
tem muita velocidade, tenho força e procuro sempre ajudar o time. Estou sempre
tentanto melhorar e acho isso fundamental. Sempre que pego a bola vou em
direção ao gol, a final, fazer gol é sempre importante.
Brasil
x Europa
Qual sería a maior
diferença entre os campeonatos europeus e os brasileiros?
Acho que a velocidade
do futebol europeu é muito diferente. Além disso aqui existe um trabalho de análise
do time adversário muito forte antes dos jogos. Dois dias antes de um jogo
sempre assistimos vídeos para estar bem preparados sobre nosso adversário.
Dica
para novos jogares
Que dica voce daria
para os jogadores que querem vir para Europa?
Se surgir oportunidade devem agarrar! No inicio vai ser um pouco dificil,
você tem que se acostumar com o frio, cultura, idioma, mas se você fizer um bom
trabalho vai ser reconhecido. É importante estar sempre tentando melhorar e se
esforçando que depois tudo vai valer a pena!
Melhores
e piores momentos
Qual
jogo você vai sempre se lembrar como um momento especial?
Um jogo do Grödig contra o
Rapid. O resultado foi 2x1 para nós (Grödig) e eu fiz os dois gols. Não foi o gol
mais lindo mas foi muito importante para mim porque o estadio estava lotado,
era um jogo importante e foi depois desse jogo que eu comecei a dar entrevistas
em alemao….(risos).
E
um jogo que você não gosta de lembrar?
Teve um jogo pela Copa da
Austria (contra Red Bull Salzburg) que começamos fazendo um bom jogo mas depois
no segundo tempo deu um apagão no time sofremos vários gols, foi um pouco frustrante.
O
primeiro gol fui eu que fiz e eu estava torcendo para terminar no 1x0, mas
acabamos perdendo.
Seleção
Brasileira
Um
jogador da seleção que você admira?
Gosto muito do Neymar.
Admiro muito o estilo de jogo dele.
Família
Sabemos que a família
tem um papel relevante para tomar essas decisões de sair do país. Eles te
apoiaram?
Sim. Conversei muito
com a minha família e meus irmãos e todos sempre me apoiaram muito. Saí de casa
muito cedo, com apenas 12 anos fui jogar no time do Cruzeiro.
Como
fica a saudade?
Depois que a minha esposa
veio para cá melhorou. Mas sempre vai existir a saudade, valorizo muito a família
e quando eu estou no Brasil procuro sempre estar junto com eles. Mas eu sei que
tenho que fazer meu trabalho aqui para colher os frutos lá na frente. Eles
já vieram algumas vezes para cá e eu procuro ir duas vezes por ano para o
Brasil. Depois
no futuro eu quero voltar para o Brasil, a vida aqui é boa mas o Brasil é meu
país!
Fotojornalistas:
Silvia Ponchon Preihs
Sandra Kelch
13.11.2016
Fotojornalistas:
Silvia Ponchon Preihs
Sandra Kelch
13.11.2016