"Amarelou": Agentes de Trânsito de Natal colocam "Pressão" em motoristas infratores


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Marcelo Lima

Repórter

A mudança na postura de fiscalização de trânsito em Natal salta aos olhos. Primeiro, o anúncio de instalação de novos equipamentos de fiscalização eletrônica nas principais vias da cidade em meados deste ano. Depois, a intensificação do trabalho dos agentes municipais de mobilidade em horários e escalas que dificilmente se percebia em um passado recente.

Nas ruas, o interesse pelo ordenamento do trânsito é analisado positiva e negativamente por motoristas. “É câmera demais e educação de menos”, disse Maria Clara Gonzaga, professora universitária. Para ela, faltam políticas públicas que valorizem a educação para o trânsito.

Por outro lado, a professora não acredita que o poder coercitivo dos equipamentos eletrônicos consiga educar condutores, mesmo que utilizando o medo como argumento de penalizar o bolso do cidadão. Além disso, o monitoramento eletrônico não combate um número muito variado de infrações na opinião de Maria Clara.”As câmeras não dão conta de quem vai pelo acostamento, vai furando fila. É só velocidade mesmo e isso é pouco, não chega a educar não”, comentou.

A ostensiva atuação, para ela, pode ter dois motivos. “É a conveniência da chamada indústria da multa, mas também tem o combate àqueles que cometem as irregularidades”, ponderou a professora.

Até quem não mora em Natal já percebeu a mudança de postura. É o caso da servidora pública federal Jacione Souza. Ela mora em Recife, mas habitualmente visita sua irmã na capital potiguar. E no próximo ano virá morar definitivamente em Natal. “Sentia falta de uma fiscalização mais rigorosa. Se não houver quem fiscaliza vai ficar ainda mais caótico. Eu concordo com fiscalização, mas em primeiro lugar deve ter uma ação preventiva”, observou.

Sobre a geração de uma possível indústria de multas com essa nova atuação, a servidora acredita que “se os natalenses não induzirem os agentes a notificarem, acredito que não vai virar uma indústria de multas”. Apesar de fazer uma boa avaliação geral do trânsito da cidade, Jacione acha que o problema maior está no comportamento dos motoristas. “A cidade é bem sinalizada, é fácil de se deslocar, o problema é que os motoristas parecem que estão sempre a passeio. Mas isso é um perfil dos motoristas locais”, completou.

O novo aparato de fiscalização eletrônica que começou a ser implantado no segundo semestre desse ano possui radares, sensores de triplo monitoramente, pórticos e semipórticos. A Hermes da Fonseca, Prudente de Morais, Ponte Newton Navarro, Felizardo Moura e outras vias de grande circulação foram agraciadas com tais equipamentos.

Tentamos entrar em contato com a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) para saber se de fato uma política mais ostensiva foi implantada. De acordo com a assessoria de imprensa, o secretário adjunto de trânsito,Walter Pedro da Silva, e a secretária titular, Elequicina Santos, estão em viagem à capital federal. E o secretário que responderia pelo órgão, Clodoaldo Trindade, estaria em reunião. O chefe de fiscalização, Carlos Eugênio Barbosa, também não quis se manifestar sobre esse assunto.

Para se ter uma ideia, só em 2013 a Semob registrou 64.933 multas de trânsito no município. 40% dessas infrações foram por excesso de velocidade, quando o condutor excede 20% da velocidade máxima permitida. A avenida Bernardo Vieira é o palco com maior índice de descumprimentos.

Outra mudança que auxiliou no poder de fiscalização com servidores foi a unificação de duas categorias. Antes, o município tinha agentes de trânsito e transporte. As duas categorias foram unificadas em 2013 e agora são chamados de “agentes de mobilidade urbana” com atribuição legal tanto para fiscalizar o transporte público quanto o trânsito.

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