Alex Viana
Repórter de Política
O presidente do PT em Natal, Juliano Siqueira, disse que a coragem do PT de apoiar a candidatura de Robinson Faria (PSD) a governador e a mesma coragem do candidato de preservar a sua candidatura criaram as condições para se iniciar, no Estado, uma nova história política. “Alguns anos de experiência política me diziam que o Rio Grande do Norte não ia aceitar (o acordão em torno de Henrique Alves). Até porque era escandalosa aquela exuberância de falso poder. O povo não ia aceitar uma candidatura imposta, armada nos gabinetes e o PT teve a coragem de apoiar Robinson, e Robinson teve a coragem de preservar a sua candidatura e nós vamos iniciar uma nova história política no Rio Grande do Norte”, afirmou Siqueira, em entrevista ao Jornal da Cidade, esta manhã.
O presidente do PT disse que Robinson foi excluído do cenário político pelas elites e o PT abraçou sua postulação. “Na verdade ele foi excluído pelas elites e nós abraçamos a sua candidatura. E a expectativa é construir um programa de recuperação, ressurreição, salvação do Rio Grande do Norte, porque nós estamos recebendo um Estado, depois de 70 anos de domínio das oligarquias, inteiramente falido”, afirmou.
A respeito das dificuldades herdadas pelo grupo político que assume o governo, sobretudo a financeira, Juliano Siqueira disse que o orçamento deixado para a gestão Robinson pelo governo atual cobre apenas o primeiro quadrimestre do ano, “o que é assombroso”, afirmou. No entanto, o petista considera que ao homem cabe superar as adversidades. “Nós não existimos para fazer coisas fáceis, estamos na luta há muito tempo para fazer as coisas difíceis”, afirma. “Creio que o Robinson, com a sua tenacidade, provou coragem política, isso é fundamental. Sabe quem são os seus amigos e quem serão os seus companheiros no governo. Isso não significa dizer que o PT estar reivindicando cargo, isso é uma tarefa que cabe ao governador. Mas o PT não apenas apoiou a candidatura a Robinson. O PT quer participar, contribuir na construção de um governo que represente a recuperação política do Rio Grande do Norte”.
HENRIQUE
Assim como a vitória de Robinson representa um sopro renovador, na visão de Siqueira a derrota de Henrique é mais que o insucesso do indivíduo, mas da falácia da união dos que governaram o Estado para salvar o Estado quebrado por eles. “O papel que o Henrique cumpriu na história política do RN sempre foi um papel absolutamente negativo. Nesta campanha, ele aparecia como uma espécie de salvador, o homem que a partir de uma grande união ia salvar o RN, é uma falácia. Os que afundaram não poderiam salvar. Eu nunca vi coveiro ressuscitar morto e eles eram os coveiros com a proposta da ressurreição dos mortos. O povo entendeu muito bem que não era verdade”.
Ainda segundo Siqueira, a derrota de Henrique não significa que o atual presidente da Câmara dos Deputados está afastado da cena política. No entanto, ele não conta com o peemedebista no processo de reconstrução do Estado. “Henrique tem 44 anos de experiência como parlamentar, 11 mandatos, por sinal, bastante improdutivos, o RN sabe disso. É uma das razões que o levou à derrota, os 44 anos de parasitismo parlamentar. Ele diz que vai ter uma vida voltada para cuidar de suas empresas e eu espero que ele tenha sucesso empresarial e se insistir e persistir é um direito seu. O espaço democrático está aberto para todos na política. Que procure um bom caminho, mas nós, no RN, não contamos com o nome do senhor Henrique Eduardo Alves num projeto de reconstrução do Estado. Muito pelo contrário”.
PT
A vitória da deputada federal Fátima Bezerra (PT) na disputa pelo Senado, na visão do presidente do PT, Juliano Siqueira, foi fundamental para o partido. “Sobretudo para os que proclamavam a pequenice, com certa razão, mas quase que o desaparecimento do PT no Rio Grande do Norte”. Para ele, “um dos objetivos de Henrique era aniquilar o PT. Não conseguiu; parece-me que foi o inverso”, declarou. “Não queremos assumir nenhuma postura baluartista, cantar vitórias. Nós temos que analisar a vitória com muita calma, pé no chão e humildade. Mas, a vitória da Fátima é uma vitória do PT, do povo do Rio Grande do Norte e fundamentalmente dos setores que sempre foram excluídos do Senado”, completou.
Segundo o dirigente do PT, o “Senado era o local em que ex-governadores iam se aposentar da vida política. Era um paraíso, teve um que chamou de céu, mas chamou de uma forma que hoje é até interpretada incorretamente”, declarou. A candidata derrotada por Fátima, a vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, segundo Siqueira, teve todas as chances de construir um novo campo político no RN, desde 2002, mas resolveu por uma questão de origem de classe e de concepção de política se reagrupar com aqueles que foram seus maiores inimigos. “Isso também o povo não entendeu e foi uma das razões da derrota do Henrique e dela. Ela escolheu o caminho da derrota. Então ela traçou o caminho da derrota. Eu imagino até que montaram a sua derrota. Só ela que não viu”, observou ainda.
Disputar um mandato de vereadora, na visão de Siqueira, será, portanto, um fim melancólico para quem foi duas vezes governadora do Estado, três vezes prefeita da capital. “Wilma teve a oportunidade de marchar conosco, ser candidata a governadora e poderia até sido eleita, mas achou melhor a chapa vitoriosa Robinson e Fátima, que é a que atendeu aos interesses do povo do Rio Grande do Norte. Dona Wilma já li no jornal, inclusive que vai ser candidata a vereadora. Acho que pela sua experiência tem muito a contribuir na Câmara Municipal. Espero não apenas eleger uma bancada fisiológica e puxar a partir de sua votação nomes que não tem nenhuma expressão”, desejou o petista.
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