Wilma de Faria afirma que erros do Ibope são comuns no RN: “Isso é muito grave”


Ex-governadora revela ter números internos do próprio Ibope que são diferentes dos que foram divulgados


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Ex-governadora do Rio Grande do Norte, ex-prefeita de Natal, ex-deputada federal constituinte, a atual vice-prefeita de Natal e candidata do PSB ao Senado Federal, Wilma de Faria, conhece bem as pesquisas de opinião pública. Nesta manhã, ela reuniu a imprensa para tecer graves questionamentos a um dos mais respeitados institutos de pesquisa do Brasil, o Ibope, que, no dia anterior, divulgou o resultado de seu mais novo levantamento para o Senado, veiculado pela emissora de televisão de maior audiência, a Intertv, dando vitória da candidata do PT, Fátima Bezerra, nas eleições deste domingo, com diferença de 15% de vantagem sobre a pessebista.
Wilma questiona como um instituto de pesquisa de credibilidade veicula na segunda-feira 29 um empate de 35% a 35% entre ela e Fátima, e quatro dias depois, nesta sexta-feira 3, dá maioria de 15% da petista sobre ela, 45% a 30%, sem nenhum fato que justificasse a mudança de cenário. “Queremos questionar os números do Ibope de ontem. Nós tivemos na segunda-feira dia 29 de setembro uma definição do Ibope através de pesquisa feita e divulgada através da TV Cabugi, que nós tínhamos um empate. Não era empate técnico, era empate mesmo, tínhamos 35% a 35%. Quatro dias, depois nós temos um resultado completamente diferente. Sem ter havido nenhum fato novo, onde a minha adversária tem 15 pontos à frente. Quer dizer, o que é que está havendo?”, questiona Wilma.
ERROS DO IBOPE
Ao contestar os números do Ibope, Wilma de Faria acrescenta que o instituto se contradiz. Apresentando dados para consumo interno, realizados pelo Ibope através do sistema de tracking, em que são feitas 200 pesquisas por dia, durante cinco dias, em que ela vence a deputada Fátima por 37% a 32%k, a pessebista declarou que o Ibope já cometeu erros em levantamentos eleitorais no Rio Grande do Norte e insinuou que o Palácio do Planalto, comandado pelo partido da candidata Fátima Bezerra, “tem muito interesse na eleição para o Senado no RN”.
“Eu quero comentar aqui também os erros do Ibope no RN, que aconteceram. Aconteceu na eleição de Aldo Tinoco, que eu participei. Aconteceu na eleição de 98, aconteceram outros erros. O próprio PT daqui, no dia 5 de outubro de 2012, recebeu informação do Ibope na última pesquisa que foi anunciada, que ele teria 13% dos votos, no caso o deputado Fernando Mineiro que era candidato a prefeito, e, no entanto, dois dias depois, ele teve 22% dos votos, quase o dobro. Então, que quero deixar muito claro o seguinte: Eleição se perde e se ganha, estou trabalhando para vencer, mas, se por acaso acontecesse o contrário, eu não ia querer perder para um instituto de pesquisa. A gente tem que trabalhar exatamente com a candidata adversária, mostrando as nossas propostas, fazendo uma campanha propositiva, como fizemos o tempo todo, para a gente vencer as eleições”, disse.
Wilma disse estar contestando os números, e lamentou não poder provar. “O eleitor precisa saber que houve muitos erros (do Ibope), já. O Ibope e outros institutos, mas estou aqui me referindo ao Ibope. Não houve nenhum fato novo, e de repente, em quatro dias, ter diferença de 15%, é muita coisa. Deveria ter havido um fato novo para a opinião pública analisar, mas não houve nenhum fato novo”, disse, lembrando que já teve prejuízos eleitorais por erros do Ibope. “Já passei por isso em algumas situações, o Ibope anunciando minha derrota e eu vencendo. Já aconteceu com companheiros nossos. Mas nunca tão grave como hoje. E com diferença de 15% em quatro dias”.
Exemplificando, Wilma disse que o Ibope anunciou que ela perderia durante uma das campanhas em que ela disputou com êxito a Prefeitura de Natal. “A de governador o Ibope só anunciou um empate quando eu ganhei a eleição. Na minha reeleição, o Ibope só anunciou no último dia. Isso foi uma falta mais leve, mas houve mais graves, em que eu perderia a eleição, mas na verdade ganhei”.
“Senado é ponto importante para governo do PT”
Insistindo na tese de que a eleição de Fátima Bezerra para o Senado é importante para eventual segundo governo da presidente Dilma Rousseff, Wilma foi taxativa: “Acho que o Senado está sendo um ponto importante para o governo federal”. “Com certeza o Palácio do Planalto tem muito interessa na eleição para o Senado no RN”. Wilma disse ainda que um correligionário de Fátima, o deputado estadual Fernando Mineiro (PT), antecipou no Twitter ontem que o Ibope que ainda seria divulgado traria a vitória de Fátima. “Mineiro colocou no Twitter, com antecedência, que o Ibope seria divulgado com a vitória de Fátima”.
“Não posso deixar de questionar um fato tão grave como este. Porque isso pode influenciar o eleitor, e a gente sabe que influencia. E, portanto, fica difícil uma eleição com essa influência dessa forma. Nós estamos questionando porque tudo isso aconteceu e continua a acontecer, isso influencia eleição, e pode influenciar. Na medição para o Senado houve essa grande diferença e na medição para o governo foi mais ou menos parecido, que já existia antes”.
A pessebista também comentou gastos de mais de R$ 2,8 milhões do Palácio do Planalto com pesquisa somente este ano, contratando institutos como Datafolha, Ibope e MDA. Wilma defendeu a inclusão das pesquisas em eventual reforma política. “É importante que, chegando ao Senado, nós estamos trabalhando para vencer, e evidentemente chegando ao Senado, é uma questão que deveria ser colocada numa reforma política: Como é que se divulga pesquisa assim, que poderá mudar o destino do voto dos eleitores? Porque ninguém pode negar que pesquisa influencia”, diz, reforçando se sentir prejudicada pelo Ibope. “Sinto-me totalmente prejudicada, porque isso influencia o eleitor. Alguns eleitores não, mas a grande parte é influenciada pelos números de pesquisa”.
Segundo Wilma, “o Ibope é considerado um instituto todo-poderoso, o Brasil todo sabe disso. As pessoas de todas as classes sociais sabem disso. Então, influencia mais que os outros. E um número tão grande quanto esse, de 15% de diferença, influencia mais ainda. É por isso que coloquei que no Senado questionaria a forma de pesquisa como é feita. Porque influencia o eleitor, e não sabemos até que ponto a pesquisa é colocada corretamente. É fundamental que a democracia discuta”.
JORNAL DE HOJE