A Comédia ontem e Hoje


Desde a pré-história o ser humano reproduz suas vivencias e sua vida, pois é um ser destinado ás belas-artes e a um sentimento artístico único no planeta. Com o decorrer dos séculos ele deixou as galerias rupestres e migrou para outros ambientes, como por exemplo: teatro e a televisão.

Nestes novos espaços a arte constituiu-se em nossa sociedade como um dos meios mais influentes, pois esta é um dos primeiros e maiores contatos das pessoas com o mundo externo e por isso, exerce um poder enorme na vida das pessoas. Portanto, cabe a nós, homens da ciência, analisar como esta arte tem evoluído.

Tomemos como exemplo o gênero artístico da comédia. Recentemente, os telespectadores brasileiros celebraram os 40 anos do programa humorístico Chaves, porém diante de tamanha festa e saudosismo, qual é a pergunta pelo qual não paramos para responder?

Porque o programa ainda continua sendo um sucesso de audiência? A resposta é simples: a genialidade de Roberto Gómez Bolaños[1] está na capacidade de desbanalizar aquilo que se tornou banal. Bolaños impediu que as vivências do cotidiano entrassem no esquecimento e por isso, resgatou não apenas a existência dos fenômenos habituais, mas também a beleza deles.

Façamos agora outra pergunta: daqui a 40 anos, quantos programas brasileiros estarão sendo celebrados com tanta festa e saudosismo como Chaves? Poucos, talvez três ou quatro. A resposta para este questionamento pode está em outros questionamentos.

Proponho alguns: O que querem os artistas contemporâneos com a arte da comédia? Poderiam estar eles comprometidos apenas com os seus próprios interesses (fama, dinheiro e sucesso) e não com o progresso da arte? E que valor eles tem? Obstruíram ou promoveram até agora o crescimento da arte? São indícios de inescrupulosidade, bestialidade ou um desserviço a arte? Ou, ao contrário, revela-se neles a virtude, a inteligência e o talento?

A “falsa” comédia contemporânea[2] (entre aspas por vários motivos que não a tornam uma arte) divide opiniões em todo o Brasil. Se por um lado é muito popular, por outro é bastante questionada. Baseada na degeneração da dignidade humana, na injúria, difamação, a arte se tornou um mecanismo para autopromoção sem escrúpulos.

Qual o sentido dessa evolução propagada pela comédia contemporânea? Podemos afirmar a partir dela que a vida imita a arte ou arte imita a vida? Diante destes questionamentos só temos algumas pistas para uma possível conclusão.

Na intenção de melhor compreender as novas tendências dos programas televisivos brasileiros, pode ser verificado que existe uma nova prática de compor e de emaranhar as técnicas da comunicação, muitas vezes não se importando com a qualidade do que é oferecido.

Além disso, de acordo com Mariana Bastian (2006), as transformações do papel da televisão na sociedade levam a televisão a novos processos de ajuizamento e de valoração daquilo que lhe é externo. A mídia passa a ser tão importante na sociedade, hoje, que cria novos valores, entre os quais, aquele de que ela pode ajuizar o outro.

[1] Roberto Gómez Bolaños é ator que interpreta e produziu a série Chaves.

[2]Tomemos como exemplo: Pânico na TV e programas similares.