O deputado federal Rogério Marinho (PSDB) considera o esquema de corrupção identificado no Ministério dos Transportes uma herança deixada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o parlamentar, o governo atual colhe os frutos de impunidade plantados pela gestão passada.
"A presidente Dilma herdou um espólio, uma herança comprometedora do presidente Lula, que fez um jogo promíscuo com partidos da base aliada. Ele não controlou ou não quis os excessos, as distorções, os desperdícios e os desvios", reprovou Rogério Marinho em entrevista ao Diário Tucano.
Ainda de acordo com Rogério, as suspeitas de desvios na obra do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante só reforçam o posicionamento da oposição, contra o Regime Diferenciado de Contratações (RDC). O projeto permite que as cidades que receberão jogos do mundial dispensem licitações para a realização dos projetos necessários.
"O governo não se planejou, não tomou as medidas necessárias para investir na área de infraestrutura, logística e transporte. Há mais de quatro anos se sabe que a Copa será aqui, então não se justifica o que está ocorrendo", concluiu Rogério Marinho.
A Polícia Federal abriu três inquéritos para apurar supostas fraudes no terminal, em São Gonçalo do Amarante, de acordo com o jornal "Folha de S.Paulo". A obra está sendo construída para atender parte do fluxo da Copa do Mundo de 2014 e foi vendido pelo governo como modelo para evitar o caos aéreo no mundial.
O Ministério Público Federal suspeita que o Exército, responsável pela infraestrutura básica do aeroporto, pagou por serviços realizados pelos próprios militares. O Ministério Público Militar investiga a participação de oficiais no caso.
A Procuradoria da República no Estado analisou quatro licitações do Exército vencidas pela Pedreira Potiguar entre 2008 e 2010 e constatou problemas em uma concorrência de R$ 13,2 milhões. O contrato foi feito pelo 1º Batalhão de Engenharia de Construção para compra do asfalto das pistas de pouso e dos pátios do terminal.
Segundo a reportagem, a Procuradoria de Justiça Militar no Recife tem indícios de que o batalhão pagou a empresa por material produzido na usina de asfalto da própria unidade. Além disso, há suspeitas de que a construção de canaletas foi realizada por militares, e não pela companhia.
O aeroporto do Rio Grande do Norte não é o único a enfrentar problemas. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) prevê que as obras de infraestrutura para a Copa não sairão do papel, revela o "Correio Braziliense". O presidente da entidade, Paulo Safady Simão, anunciou que puxadinhos devem ser feitos para maquiar os terminais. "É claro que vamos passar vergonha diante dos turistas", disse Safady ao Correio. Ele acredita que o Regime Diferenciado de Contratações não deve acelerar as obras, mas sim abrir portas para a corrupção.