Uma comissão formada por professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) aprovou o livro Por uma Vida Melhor, da Coleção Viver e Aprender.
O livro, que chegou a 484.195 alunos de todo o País, defende que a forma de falar não precisa necessariamente seguir a norma culta. "Você pode estar se perguntando: "Mas eu posso falar os livro?". Claro que pode", diz um trecho.
Por uma Vida Melhor, de autoria de Heloísa Ramos, afirma que o uso da língua popular - ainda que com seus erros gramaticais - é válido na tentativa de estabelecer comunicação. O livro lembra que, caso deixem de usar a norma culta, os alunos podem sofrer "preconceito linguístico". "Fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas."
O livro foi escolhido por um total de 4.236 escolas, que definiram a obra "mais apropriada a cada contexto", considerando as "propostas pedagógicas e curriculares desenvolvidas", informou o Ministério da Educação (MEC). O MEC não comenta o mérito do livro - ressalta que coube a docentes da UFRN aprovar a obra e a cada escola a decisão de adotá-la ou não nas salas.
Em discurso nesta segunda-feira, 16, no Plenário, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) criticou livros didáticos autorizados pelo Ministério da Educação (MEC) que admitem o ensino da língua portuguesa com erros de gramática. Assim, de acordo com o senador, o Brasil vai criar duas línguas: o Português dos condomínios e dos shoppings e o Português das ruas e dos campos.
"Permitir a criação de dois idiomas é quebrar o que há de mais substancial na unidade de um povo", afirmou.
O senador criticou o argumento de que é preciso quebrar o preconceito contra aqueles que não falam bem a língua oficial e afirmou que o ideal é ensinar a todos o português correto. Para Cristovam Buarque, o povo e a elite precisam aprender a língua oficial e sem erros. O senador lembrou que nos concursos públicos e vestibulares não são aceitos os erros de gramática.
"Não se trata de sotaque, nem de vocabulário, mas de gramática. Permitir duas línguas é fortalecer o apartheid brasileiro."
Diante da denúncia de que o livro "Por uma vida melhor", da professora Heloísa Ramos que defende o uso da linguagem popular e admite erros gramaticais grosseiros como: "nós pega o peixe" e “o livro ilustrado mais interessante estão emprestado”, a procuradora da República Janice Ascari, do Ministério Público Federal, previu que haverá ações na Justiça. Para ela, os responsáveis pela edição e pela distribuição do livro "estão cometendo um crime" contra a educação brasileira.
Vocês estão cometendo um crime contra os nossos jovens, prestando um desserviço à educação já deficientíssima do país e desperdiçando dinheiro público com material que emburrece em vez de instruir. Essa conduta não cidadã é inadmissível, inconcebível e, certamente, sofrerá ações do Ministério Público - protestou a procuradora da República em seu blog.
"Aqui não se corrige o aluno para não constrangê-lo" Alexandre Garcia. Assim poderíamos entender a justificativa da professora Heloisa Ramos quando criou o livro Por uma Vida Melhor, mas será que para diminuir o preconceito linguístico — dever de todo professor — é preciso retroceder na educação?
Discriminação maior é não acreditar que nossas crianças não são capazes de aprender o português.
Você caro leitor, o que acha?